quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Maedhros

          Poucos meses depois de gerado, enquanto eu era nada mais que um pequeno ser vivo no ventre de minha mãe, meu pai foi lutar na guerra que definiria o destino do mundo, ele fez parte da última resistência contra o grande inimigo do mundo livre, Lothur.
         Certo dia quando eu tinha 5 anos de idade brincava de golpear o ar com uma vara de teixo quase do meu tamanho estava longe quando vi um homem, que não devia ter mais que 30 anos, se aproximando da minha mãe, ele disse algo a ela e ela começou a chorar copiosamente, ver que minha mãe chorava, por causa de um desconhecido me deixou nervoso, mesmo com meus 5 anos de idade, brandi a arma improvisada que eu carregava e corri de encontro ao homem, desferi com toda a força que tinha um golpe contra a perna dele, peguei-o de surpresa embora não tenha visto nenhuma reação de dor, minha mãe soltou um grito, de susto quando viu meu ataque:
-Maedhros!- Disse ela, em um tom repreensivo e assustado ao mesmo tempo.
O Homem abaixou-se, com um sorriso nos lábios, tocou minha cabeça, alisando meus longos cabelos negros:
-Por que fez isso garoto?- Disse-me o homem, seu tom de voz era suave, não parecia demonstrar o mínimo de raiva ou dor com meu ato, eu podia sentir a bondade que exalava de todos os poros daquele homem, ele trazia orgulhoso no peito, o símbolo de sua fé, o dragão de Platina de Bahamut:
-Você fez minha mãe chorar- Respondi, ainda o olhando com raiva, minhas mãos tremiam, de pura raiva, fazendo a vara de teixo balançar:
-Maedhros, eu posso ver a sua aura de bondade, você não conseguiria ver uma pessoa sofrendo e não fazer nada, e tem coragem e isso é o que mais é preciso nos tempos que virão, coragem e caridade. Você será grande na nossa ordem, assim como seu pai, Beren, foi.- o Homem afagou meus cabelos e levantou-se, pude perceber que a armadura dele estava quebrada em muitos pontos, e seu rosto tinha muitos ferimentos, mas ele se movimentava como se não sentisse dor alguma, tinha uma maça presa ao cinto e um escudo preso as costas:
-Lúthien, dê isso a Maedhros no tempo certo.- Ele entregou um envelope branco e simples a minha mãe. Tocou o rosto dela para limpar-lhe as lágrimas: - Você precisa ser forte minha querida, tempos melhores virão, eu lhe prometo - ele beijou a testa da minha mãe, carinhosamente:
-Caranthir, Quando devo entregar a ele?- Perguntou minha mãe, olhando o Paladino que começava a se afastar:
-Quando ele tiver idade pra entender o qual a missão dele. Você saberá o tempo minha querida. -Caranthir começou a se afastar, deixando eu e minha mãe a sós.
O tempo passou, 10 anos depois, quando tinha quinze anos, nada de anormal acontecia no vilarejo pacato em que eu morava com minha mãe, embora eu ouvisse rumores de que o fim do mundo se aproximava, e havia um ditador controlando o mundo, mas eu achava que eram apenas rumores, até que um dia minha mãe me chamou e fechou as janelas e portas do quarto:
-Meu filho, creio que chegou a hora de eu explicar a você o que acontece no mundo. Seu pai, como eu já tinha te dito quando você perguntou outras vezes, embora eu nunca tenha entrado em detalhes, era um Clérigo, um guerreiro santo da ordem de Bahamut, o Dragão de Platina, Deus da Justiça e guia de todos os nossos passos- Ela fez uma pausa para secar algumas lágrimas que se formavam no canto dos olhos- Ele morreu pelas mãos de Lothur na guerra conhecida como ‘’a Última Resistência’’ nela, pessoas de todas as classes e raças lutaram, lideradas pela Ordem de Bahamut e Moradin, infelizmente, Lothur venceu, matando, subjulgando e expulsando toda a resistência. Aquele homem que veio trazer essa noticia quando você era pequeno, chama-se Caranthir, ele é um Paladino da ordem de Bahamut, seu pai o entregou esta carta, que eu te entrego agora.
Minha mãe me deu o envelope que eu vira aquele dia, quando abri, tinha uma folha de papel simples e um anel de ouro, idêntico ao que minha mãe usava, uma aliança:
"Quando você tiver idade suficiente para ler estas palavras, seu significado se revelará... Estas palavras são tudo que resta embora nunca tenhamos nos conhecido, meu único filho, eu gostaria de estar lá para te ver crescer, mas eu ouvi meu chamado, e tive que ir, agora sua missão se põe a sua frente como aconteceu comigo à muito tempo atrás. Ajudar aos oprimidos que olham para você e defendê-los até o fim. Cavalgue como o vento, Lute com orgulho, meu filho, você é o defensor que Deus enviou’’
Com muito amor, seu Pai, Beren
Eu tinha lágrimas nos olhos quando terminei de ler, orgulhosamente, coloquei a aliança no dedo anelar esquerdo.
-Seu pai lhe deixou outro presente- Disse minha mãe, emocionada também- ele pediu a Caranthir que te aceitasse na ordem de Bahamut, seja como Paladino ou Clérigo, e Caranthir disse que a qualquer momento você pode ir ao templo da Ordem, o irmão de Ordem do seu pai, disse que na mesma noite que você lesse a carta, você sonharia com a localização da ordem secreta de Bahamut, e conseguiria chegar lá, cabe a você decidir meu filho, meu coração ficará despedaçado se você abraçar seu destino, mas não posso te impedir.- Minha mãe beijou minha testa e me deixou sozinho no quarto.
No dia seguinte, meus pertences já estavam na mochila, e logo depois do desjejum, despedi-me de minha mãe, subi em meu cavalo e parti para meu destino.
Ao chegar ao local secreto, minha passagem foi liberada e o homem que eu vira aquele dia, estava com um sorriso no rosto, parecia estar me esperando, veio mancando até mim, tinha um horrível ferimento de batalha na perna direita e me abraçou:
-Finalmente aceitou seu destino meu filho, seja muito bem vindo a Ordem de Bahamut.
Na Ordem passei os 3 anos da minha vida em que aprendi as coisas mais valiosas do mundo, aprendi a respeitar todos os seres vivos e tentar ser um emissário da justiça e da proteção, tínhamos como principal objetivo fortalecer o mundo para uma nova guerra com Lothur, E destituí-lo do cargo de regente do mundo.
Certo dia enquanto tínhamos uma das numerosas sessões de aprendizado, Caranthir, meu mestre, nos perguntou:
-Acólitos, o que é Justiça?- Era uma pergunta simples, mas ninguém sabia responder, justiça era algo inerente que vinha de dentro. Tentei responder ao ver que ninguém mais iria fazê-lo. - Creio eu mestre, que Justiça é fazer o bem as pessoas, colocando-as sempre, em primeiro lugar, e se preciso colocar-las acima da própria vida até.
-Boa tentativa- Respondeu Caranthir com o sorriso paciente que sempre trazia nos lábios- Mas está errada Maedhros. A Justiça meus irmãos, é dar a cada um o que este merece individualmente. É salvar e proteger os inocentes, os justos, e esmagar os tiranos, os injustos, a maldade deve ser destruída, se pudermos convertê-la em algo bom, pudermos fazer os injustos se tornarem justos, deve ser feito, se não, devemos destruir a injustiça. - Agora Caranthir olhava diretamente pra mim- A própria vida- Não é algo pequeno meu filho, não deve desperdiçá-la sem motivos, só por uma coragem cega e sem sentido, se um homem justo é condenado injustamente a morte na forca e há um grupo de homens armados cuidando para que a execução não falhe, se há a certeza da morte do possível salvador, meus filhos, vocês devem rezar a Bahamut para que cuide da alma do justo, e não fazer um infrutífero ataque suicida, a vida não deve ser desperdiçada, muito menos a vida de quem defende os outros.
No dia do fim do treinamento, quando receberíamos nossas primeiras missões fora dos portões da Ordem, certas palavras de Caranthir ficaram gravadas na minha memória:
-Meus filhos, lembrem-se sempre disso, não devem obedecer a ordem de ninguém, seja ele regente, rei, imperador, ou mesmo as minhas palavras ou de qualquer pessoa da Ordem que vocês encontrem, devem obedecer somente a seu coração, eu treinei pessoalmente cada um, principalmente para discernirem o Justo do injusto, o certo do errado, tenho confiança meus filhos, que vocês sabem o que deve ser feito sempre que encontrarem uma situação difícil, sempre ouçam suas consciências.
Ao sair recebi minha armadura, simples, sem ornamentos ou símbolos sagrados e uma arma, que no meu caso foi a maça, por ser a arma que sempre fui mais habilidoso, o maior tesouro material que eu tinha, ficou guardado no templo, que é a carta de meu pai, não a levei, por medo de perdê-la.
Nesse primeiro ano longe da Ordem, cumpri missões dadas por meus superiores, em algumas cidades fui chamado de Maedhros, o Puro, Maedhros, o Justo e apelidos do tipo, e é exatamente isso que qualquer devoto de Bahamut deve demonstrar, deve honrar os votos de justiça, proteção, nobreza e honra, que são os desígnios do Dragão de Platina. Lothur está destruindo o mundo que os deuses criaram, e isso não ficará barato, Lothur cairá, mais cedo ou mais tarde, e eu quero participar da queda dele, quero ser o pesado Martelo de Bahamut que cairá sobre a cabeça do Inimigo do Mundo.

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